Questões politicamente incorretas e cristãmente necessárias...


O cotidiano francês “La Croix” há algum tempo publicou uma grande pesquisa sobre o futuro do cristianismo no Ocidente. O título é “Os novos caminhos da fé daqui até 2020.
A pesquisa durou cinco semanas e foi aberta com a publicação de uma sondagem sobre os franceses e o cristianismo. Três dados dão o que pensar:
1. Dois franceses em cada três pensam que o cristianismo é “suficientemente visível” na sociedade. Mas quatro em cada dez afirmam não conhecer em suas próprias família e amigos nenhum cristão “praticante ou ativo na vida da Igreja”.
2. Perguntados sobre qual seria a missão principal da Igreja, a imensa maioria dos franceses afirmou ser “lutar contra a pobreza” e “agir pela paz no mundo”. Também entre os católicos foi assim: a maior parte deles indicou a luta contra a pobreza e pela paz, enquanto somente um em cada três respondeu: “Fazer conhecer a mensagem de Cristo”.
3. 62% dos franceses se dizem de acordo com a seguinte afirmação: “Todas as religiões são iguais”. E entre os católicos praticantes o percentual é ainda superior: 63%!
Estes dados mostram muito bem a debilidade na qual desabou o catolicismo na França... Mas, nos devem também fazer pensar: a Igreja tem ainda bastante forte e arraigada a autoconsciência de que é a religião verdadeira? Tem consciência bastante profunda de que existe para tornar acessível aos homens a vida que brota do Pai pelo Filho no Espírito Santo, levando à humanidade à plenitude da vida divina, que é nosso único e impreterível destino?
Será que nosso discurso e práxis não nos fazem parecer mais uma ONG filantrópica, que se refugia num fazer exagerado – relegando a terceiro e quarto planos a vida mística e a importância da liturgia como lugar do Mistério, no qual Deus se dá a nós, nos eleva a ele e nos renova para renovarmos o mundo com a vida divina?
Será que essa situação – forte na França e em caminho em outros países, inclusive o Brasil – não é fruto de uma Igreja que fala demais de si própria e de tudo, vive se autocriticando quase que neuroticamente, ao invés de esquecer-se de si, simplesmente vivendo a alegria de crer e anunciar gostosamente o Cristo que nos encanta e dá vida, e é único e absoluto caminho de salvação? Coisas para serem pensadas com seriedade...
Será que não temos colocado demais o homem no centro do nosso discurso e deixado Deus de lado? Deus que deve ser buscado, amado, adorado, anunciado, simplesmente porque é Deus, sem nenhuma outra justificativa?

Dom Henrique Soares in http://www.domhenrique.com.br/index.php/analises

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