Quem foi François-Xavier Nguyên Van Thuân


(Phanxicô Xaviê Nguyễn Văn Thuận) (Phu Cam, Huế, 17 de abril de 1928Roma, 16 de setembro de 2002) foi um bispo e cardeal vietnamita da Igreja Católica.

Biografia
Nasceu numa família que contava oito filhos. Vinha de uma família que contava com numerosos mártires da fé. Sua mãe, todas as noites, contava-lhe histórias bíblicas e narrava-lhe testemunhos de mártires, especialmente de seus antepassados.
Fez seus estudos no seminário menor e depois no seminário maior e foi ordenado sacerdote católico em
11 de junho de 1953. Continuou os seus estudos em Roma onde formou-se em Direito Canônico. Retornando ao Vietnam foi encarregado da formação dos padres da sua diocese como reitor e professor do seminário e, em 24 de junho de 1967 foi nomeado bispo da diocese de Nha Trang, no centro do Vietnam, diocese pela qual sempre confessou predileção.
Oito anos depois, o
Papa Paulo VI o nomeou arcebispo coadjutor de Saigão. Ardoroso animador dos leigos e jovens, prepara-os para participarem dos conselhos pastorais.
O Cardeal vietnamita Van Thuan, que presidiu o
Pontifício Conselho Justiça e Paz, deu início à publicação do Compêndio da Doutrina Social da Igreja publicado em 2004.

Prisão do arcebispo
Em
1975 foi nomeado por Paulo VI arcebispo coadjutor de Saigão. Sua nomeação foi recusada pelo governo comunista, que no dia 15 de agosto de 1975 - dia de Nossa Senhora da Assunção - o convoca ao palácio do governo e após o coloca em prisão domiciliar. Posteriormente foi preso por treze anos. Em 1976 esteve no cárcere da prisão de Phu Khanh, após foi conduzido ao campo de reeducação de Vinh Phu no Vietnam do Norte, após em prisão domiciliar em Giang Xa e finalmente em Hanoi. Foi libertado em 21 de novembro de 1988 e conduzido à residência do arcebispo de Hanói.
Sobre a sua prisão pelo regime comunista disse: "Disseram-me que minha nomeação era fruto de um complô entre o Vaticano e os imperialistas para organizar a luta contra o regime comunista", contava Van Thuan.
Rumo à prisão, tomou uma decisão:
Vinham-me à mente muitos pensamentos confusos: tristeza, abandono, cansaço depois de três meses de tensões… Porém, em minha mente surgiu claramente uma palavra que dispersou toda a escuridão, a palavra que Monsenhor John Walsh, Bispo missionário na
China, pronunciou quando foi libertado depois de doze anos de cativeiro: ‘Passei a metade da minha vida esperando’. É verdadeiríssimo: todos os prisioneiros, inclusive eu, esperam a cada minuto sua libertação. Porém, depois decidi: ‘Eu não esperarei. Vou viver o momento presente, enchendo-o de amor.
De fato, foi o que fez: amou, amou, amou. As condições não eram favoráveis. Durante alguns meses esteve confinado numa cela minúscula, sem janela, úmida, que para respirar passava horas com o rosto enfiado num pequeno buraco no chão. A cama era coberta de fungos.
Os nove primeiros anos foram terríveis: "uma tortura mental, no vazio absoluto, sem trabalho, caminhando dentro da cela desde a manhã às nove e meia da noite para não ser destruído pela artrose, no limite da loucura".
Buscava conversar com os carcereiros, que resistiam, mas logo eram seduzidos por sua gentileza e inteligência. Contava-lhes sobre países e culturas diferentes. Isso chamava sua atenção e instigava a curiosidade. Logo começavam a fazer perguntas, o diálogo se estabelecia, a amizade se enraizava. Chegou a dar aulas de inglês e francês.
No começo, a cada semana os guardas eram substituídos, mas logo as autoridades, para evitar que o exército todo fosse "contaminado", deixou uma dupla de carcereiros fixa. Estes espantavam-se de como o prisioneiro pudesse chamar de amigos os seus carcereiros, mas ele afirmava que os amava porque esse era o ensinamento de Jesus.

"O Caminho da Esperança"
Como o amor é criativo, Van Thuan encontrou também um jeito de se comunicar com seu rebanho:
Em outubro de
1975, fiz um sinal a um menino de sete anos, Quang, que regressava da missa às 5 horas, ainda escuro: Diz à tua mãe que me compre blocos velhos de calendários. Mais tarde, também na escuridão, Quang me traz os calendários, e em todas as noites de outubro e novembro de 1975 escrevi da prisão minha mensagem ao meu povo. Cada manhã o menino vinha recolher as folhas para levá-las à sua casa e fazer que seus irmãos e irmãs copiassem-na.
Assim foi escrito o livro "O Caminho da Esperança", posteriormente publicado em oito idiomas: vietnamita, inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, coreano e chinês.[
carece de fontes?]
Em
1980, na residência obrigatória de Giang-xá, no norte do Vietnam, sempre de noite e em segredo, escreveu seu segundo livro: ""O caminho da esperança à luz da Palavra de Deus e do Concílio Vaticano II""; depois o terceiro livro: ""Os peregrinos do caminho da esperança"".
Sempre inspirado pela criatividade amorosa, Van Thuan escreveu uma carta aos amigos pedindo que enviassem um pouco de vinho, como remédio para doenças estomacais. Assim, a cada dia, três gotas de vinho e uma de água eram suficientes para trazer "Jesus eucarístico" à prisão. Os pedacinhos de pão consagrado eram conservados em papel de cigarro, guardado no bolso com reverência. De madrugada, ele e os poucos católicos detidos ali davam um jeito de adorar o Senhor escondido com eles.
Um dia, enquanto trabalhava de lenhador, Van Thuan pediu ao amigo carcereiro: "Queria cortar um pedaço de madeira em forma de cruz… Feche os olhos, farei agora e serei muito cauteloso. Você vai andando e me deixa só." Assim, conseguiu como companheira aquela rústica cruz feita por ele mesmo.[
carece de fontes?]
Para completar sua obra, pediu: "Amigo, você me consegue um pedaço de fio elétrico?" Este ficou espantado, sabia que quando prisioneiros conseguem fios, suicidam. Mas Van Thuan explicou: "Queria fazer uma correntinha para levar minha cruz." Saindo da prisão, com uma moldura de metal, aquele pedaço de madeira tornou-se sua cruz peitoral.
O Cardeal Van Thuan foi libertado no dia
21 de novembro de 1988. Em setembro de 1991 deixou o Vietnam e foi para Roma, onde presidiu o Pontifício Conselho Justiça e Paz. Tão logo chegou a Roma foi-lhe dado conhecimento que o governo do Vietnam não desejava o seu retorno ao país.
Em 1994 foi nomeado vice-presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz e em 1995 foi nomeado postulador da Causa de beatificação de
Marcel Van.

Cardinalato
Escreveu mais um livro: "Testemunhas da esperança" (Retiro ministrado ao papa João Paulo II e a cúria romana pela passagem do Jubileu do Ano 2000) no qual relata sua experiência de prisioneiro. Fazia questão de dizer que não se trata de um livro para fazer denúncias, mas testemunhar o dom da esperança.
Em
21 de fevereiro de 2001 foi escolhido como cardeal pelo papa João Paulo II; o cardeal van Thuan foi levado em 16 de setembro de 2002 ao hospital romano Pio XI, padecendo de câncer, na idade de 74 anos, faleceu no dia 17 de setembro de 2002.[1] Seus funerais foram presididos pelo Papa João Paulo II na basílica vaticana em 20 de setembro de 2002.[2]
João Paulo II pediu-lhe que lhe pregasse o retiro espiritual da quaresma e à cúria romana no ano de 2000.[3]

Beatificação
Em
18 de abril de 2007, Monsenhor Giampaolo Crepaldi, secretário do Pontifício Conselho Justiça e Paz anunciou a abertura da causa de beatificação do cardeal François-Xavier Nguyên Van Thuân.
No dia
17 de setembro de 2007 o Papa recebeu os integrantes do Pontifício Conselho Justiça e Paz por ocasião do V aniversário da morte do Cardeal Van Thuan cuja causa de beatificação se havia acabado de abrir. O Cardeal Renato Raffaele Martino nomeou a advogada Silvia Mônica Correale como postuladora do processo de beatificação.

Citações
Bento XVI falando sobre ele destacou a sua
"cordialidade e capacidade que tinha de dialogar e de fazer-se próximo de todos; (…) seu fervoroso compromisso na difusão da doutrina social da Igreja entre os pobres do mundo, o anelo pela evangelização no seu continente, Ásia, a capacidade que tinha de coordenar as atividades de caridade e de promoção humana que promovia e sustentava nos lugares mais longínquos da terra".
[4]
Disse ainda que
"era um homem de esperança, vivia de esperança e a difundia entre todos os que encontrava. Graças a esta energia espiritual resistiu a todas as dificuldades físicas e morais. A esperança o sustentou como bispo isolado durante treze anos de sua comunidade diocesana; a esperança o ajudou a perceber o absurdo dos eventos que lhe sucederam - nunca foi processado durante sua longa detenção - um desígnio providencial de Deus."
[4]
Em
30 de novembro de 2007, comentando a sua encíclica Spe salvi, o Papa Bento XVI voltou a se referir a ele como exemplo de como a oração é modelo de esperança:
"Há outro testemunho de que, em uma situação de "desespero aparentemente total", a escuta de Deus e poder falar com ele foi uma força crescente de esperança: trata-se do servo de Deus, o cardeal vietnamita François-Xavier Nguyên Van Thuân (1928-2002), uma figura inesquecível."
"Treze anos nas prisões vietnamitas; deles, nove em isolamento: sua experiência de esperança, graças à oração, "lhe permitiu ser para os homens em todo o mundo uma testemunha da esperança, daquela grande esperança que não declina, mesmo nas noites da solidão".
[5]

Obras publicadas
(em francês)
Une vie d'espérance Vie de François-Xavier Nguyen Van Thuan André Nguyen Van Chau (2007, édition du Jubilé)
365 jours d'espérance, Nguyen van Thuan François-Xavier (2005, édition du Jubilé)
Prières d'espérances, Nguyen van Thuan François-Xavier (1995, édition du Jubilé)
À la lumière de la Parole de Dieu et du Concile, Nguyen van Thuan François-Xavier (1994, édition du Jubilé)
Les pèlerins du chemin de l'Espérance, Nguyen van Thuan François-Xavier (1993, édition du Jubilé).
Sur le chemin de l'Espérance, Nguyen van Thuan François-Xavier (1991, édition du Jubilé).

In http://pt.wikipedia.org

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