A Pequena Via


Por Matheus Silva de Paula


"Disse-lhes Jesus: Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.” (Mateus 19, 14)É extremamente importante para o católico o cultivo da espiritualidade. Por ela, nos ligamos a Deus de forma íntima, mística. A fé não sobrevive sem esta união. O Pai, com grande misericórdia, torna possível a nós esta união, através das diversas formas de percorrer um mesmo caminho: o caminho da salvação. Resta a cada um de nós a escolha.

Por esta razão, devemos buscar o conhecimento da Igreja de Cristo, de seus ensinamentos, e de seus santos. Através destes tesouros de nossa Igreja, podemos descobrir o caminhar com o qual melhor nos identificamos, e assim tomarmos a nossa cruz. Irmãos, Deus é tão perfeito que não olvidou nenhum detalhe! Ele nos abre o caminho e nos ensina a caminhar. E ensina a cada um conforme suas necessidades e capacidades. Como nos diz Jesus, o Pastor chama as ovelhas pelo nome e as conduz à pastagem (Jo 10, 13). Ele coloca setas para que não nos desviemos do rumo.


Estas setas são os santos a nos mostrar Deus, cada um ao seu modo, mas sempre apontando o mesmo Deus.Uma destas setas, colocada piedosamente pelo Senhor, é Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. A caminhada espiritual que esta santinha tem a nos mostrar é a Pequena Via, que significa “Caminho Humilde”. É também chamada Infância Espiritual.Teresinha, vendo-se pequena diante de tantos santos e seus atos extraordinários, imaginou se poderia alcançar a santidade, sendo ela um nada, perante eles e principalmente, perante Deus. Percebeu que em seu questionamento estava a chave que abriria as portas do seu caminhar: a pequenez. Necessário seria a ela fazer-se pequena, para que pudesse se deixar conduzir pelo Pai.Tal como uma criança ela se fazia, e como o filho é carregado pelo pai, assim ela desejava ser: não caminharia com as próprias pernas – ou seja, não por mérito próprio – mas se deixaria levar por Jesus. Como um recém-nascido, seu dever era aprender tudo: falar, comer, andar...Olhava tudo com novos olhos, como olhos de um espírito infantil, que buscava tirar de tudo uma lição de simplicidade; algo que a ensinasse a ser pequena, que a ensinasse sua pequena via. Vivendo, Teresa ia construindo, aprendendo e percorrendo o seu caminho de santidade. Em suas limitações, descobria maneiras de depender ainda mais de Deus.


Em seus defeitos, via oportunidades para construir sua espiritualidade.No Carmelo, fazia suas tarefas como se as fosse entregar ao próprio Jesus; mesmo aquelas mais penosas, obrigou-se a tomar gosto, e assim, oferecer os sofrimentos e a dificuldade em sacrifício. Desejava fazer as coisas ordinárias tão bem, de modo que as tornasse extraordinárias. Tal desejo pode se tornar também o nosso. Quantas pequenas coisas fazemos com descaso, com desejo de nos livrarmos delas? Quantas dificuldades nos apressamos em pedir a Deus que nos retire? Não precisamos ser fortes apenas ante as maiores desgraças, mas também nas pequenas coisas do cotidiano. Vencer estas simples barreiras pode ser mais custoso que vencer grandes batalhas, pois não há glória terrena nas pequenas vitórias, ninguém as vê. Deus, porém, enxerga os seus filhinhos, e recompensa a cada um na medida e no tempo certos. E como nos é pesado esperar este tempo!Santa Teresinha nos vem ensinar a transformar nosso espírito orgulhoso, sedento de grandes feitos e glórias, em espírito de criança, que tudo espera do Pai. Espírito infantil que não deseja crescer, que quer caber para sempre no colo do pai, e brincar de mãos dadas com o Menino Jesus, caminhando docemente para o céu.


Ela aprendeu que, para subir a montanha da santidade, precisava ser criança, humilde o suficiente para aceitar que precisava dos outros, que não poderia salvar-se por si mesma. Se o céu possui muitas moradas, os pequenos, por certo, podem conseguir algumas delas. O que a Santinha de Lisieux mostra, é que Deus não nos inspira desejos impossíveis de se realizar – o que ela aprendeu com São João da Cruz. Assim, é perfeitamente possível ser santo, independente do tamanho da alma. O céu tem lugar para os grandes e para os pequenos que fazem por merecê-lo; para os que sobem à pé o monte, e para os que buscam o ascensor.A Pequena Via não foi inventada por Teresinha. Está contida nas Sagradas Escrituras, nos ensinamentos de Cristo acerca da humildade e da pequenez. Está embutida na comparação que o Divino Filho faz dos possuidores do Reino dos Céus às criancinhas:"Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam. Disse-lhes Jesus: Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham." (Mateus 19, 13 -14)Ela nos ensina de forma fiel aos ensinamentos do Crucificado, uma via simples, humilde, pequena, de fácil compreensão: a Pequena Via é uma vida de confiante entrega à Vontade Divina, adotando para si um coração de criança.Por que Jesus deseja que nos façamos como crianças?Só o coração puro e desprovido de ambições, como é o coração de criança, pode confiar e se entregar totalmente ao Pai, sem temer os obstáculos do caminho.


Este coração consegue se tornar santo não para beneficiar a si próprio, mas para agradar a Deus. Trilhar a Pequena Via é ser como Santa Teresinha foi: viver para Deus, santificando-se pelo ordinário, aceitando o destino e os sofrimentos, e transformando-os em mais passos rumo ao céu. Não se preocupar consigo mesmo, com sua vida; apenas viver, colhendo as rosas... sem temer os espinhos.

In http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=524

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