O SANTO CURA D ARS


“Era uma vez, na França, um pequeno camponês cristão que, desde a mais tenra idade, amava a solidão e o bom Deus. Como aqueles senhores de Paris tinham feito a Revolução Francesa e não deixavam as pessoas rezar, ele ia assistir à missa, com os pais, no fundo de um celeiro. Os padres mantinham-se escondidos, e quando um deles era apanhado, cortavam-lhe a cabeça segundo as regras da arte. Eis porque João Maria Vianney alimentava o sonho de tornar-se sacerdote. Mas, se não lhe faltava a oração, faltavam-lhe os conhecimentos. Apascentava os carneiros e trabalhava os campos. Entrou tarde para o seminário e fracassou em todos os exames. As vocações eram cada vez mais raras, e no fim acabaram por aceitá-lo apesar de tudo. Foi designado para Ars, e ficou lá até à sua morte. O último sacerdote da França no último lugarejo da França. Mas foi cem por cento sacerdote, o que não acontece com freqüência. Foi sacerdote tão completamente, que o último lugarejo da França acabou por ter o primeiro sacerdote da França e a França inteira viajou para vê-lo. Ora, ele convertia todos os que iam visitá-lo, e, se não tivesse morrido, teria convertido a França inteira. Curava as almas e os corpos, e lia nos corações como num livro. A Virgem Santíssima ia visitá-lo, o demônio puxava-o pelos pés, mas não conseguiu impedi-lo de ser um santo. Foi promovido a cônego, a Cavaleiro da Legião de Honra – e depois a Bem-aventurado. Enquanto foi vivo, nunca chegou a entender por quê. E essa era a melhor prova que havia merecido a sua glória. Tudo isso se passou no século XIX, que é chamado, no Paraíso, onde se conhece o valor real das pessoas, o século do Cura d’Ars”.
Encontrei este belo resumo da vida de São João Maria Vianney na capa de um livro (O Cura d’Ars, Henri Ghéon, S. Paulo, 1986) e achei melhor copiá-lo na integra pela sua simplicidade, clareza e poesia.
Neste Ano Sacerdotal a Igreja Católica quer lembrar os 150 anos da morte do Santo Cura d’Ars, apontando para os padres e para todos os cristãos exemplos de serviço sacerdotal, de vidas doadas na simplicidade do dia a dia, cumprindo tarefas ordinárias.

Talvez a oração mais bonita que podemos fazer para os nossos padres seja que eles continuem a oferecer generosamente ao povo de Deus o “alimento que permanece até a vida eterna”, isto é, o próprio Jesus presente no pão da Palavra e no pão da Eucaristia. Não deveria ser tão difícil. Todos os dias os padres, celebrando a Santa Missa, podem escutar e meditar a Palavra do Senhor, podem receber o Senhor nos sinais do pão e do vinho consagrados. A Palavra e a Eucaristia devem ser, portanto, o alimento mais importante para a vida do próprio padre e para que ele possa, com o próprio exemplo, também ajudar todos os que quiserem a encontrar, a reconhecer e a seguir a Jesus. Ninguém é ordenado padre para si mesmo, mas para servir ao povo de Deus. A gratuidade, a disponibilidade e a acolhida fraterna devem ser, então, as qualidades visíveis de todo padre. Ele, porém, não dá apenas a sua vida, ele deve saber apontar e oferecer a Boa Notícia do Evangelho, para que cada cristão possa dizer como os moradores daquele lugar disseram à samaritana: “Já não é por causa daquilo que contaste que cremos, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4,42). Feliz aquele padre que trabalha para formar católicos adultos na fé, conscientes, responsáveis, comprometidos com a causa do Reino.

Dom Pedro José Conti, in http://diocesesjc.org.br/artigos em 03/12/2009

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